Suspeitos de feminicídio vão a júri popular; revelações chocantes sobre a execução e ocultação do crime
Da esquerda para a direita: Ederlan Santos Mariano, Bispo Zadoque, Gideão Duarte e Victor Gabriel — Foto: Arte/dC |
1. O Crime: Feminicídio cruel e premeditado
Sara Freitas, conhecida por sua carreira na música gospel, foi dada como desaparecida em 24 de outubro de 2023. Ela foi vista pela última vez ao sair de sua casa no bairro Valéria, em Salvador, para uma reunião em uma igreja. No entanto, o que parecia uma simples saída religiosa acabou em tragédia. Seu corpo foi encontrado dias depois, em 27 de outubro, às margens da rodovia BA-093, na cidade de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador.
Os suspeitos do crime são:
- Ederlan Santos Mariano (marido de Sara e mandante do crime)
- Weslen Pablo Correia de Jesus (conhecido como Bispo Zadoque, responsável pela execução)
- Gideão Duarte de Lima (motorista que levou Sara ao local do crime)
- Victor Gabriel Oliveira Neves (responsável por segurar a vítima)
O assassinato foi encomendado por R$ 2 mil, que foram divididos entre os participantes. Os detalhes da execução são perturbadores: enquanto Victor Gabriel segurava Sara, Bispo Zadoque a esfaqueou, e após o crime, ocultaram seu corpo. Além disso, o grupo voltou ao local para tentar queimar o cadáver, eliminando quaisquer provas.
Sara Freitas acumulava mais de 50 mil seguidores em suas redes sociais, onde compartilhava momentos de sua vida pessoal e carreira na música gospel — Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
2. Motivo Torpe e Meio Cruel
A acusação de feminicídio se baseia no fato de que o crime foi cometido por motivo torpe e com extrema violência, não dando a Sara qualquer chance de defesa. De acordo com a investigação conduzida pela Polícia Civil da Bahia, Ederlan, que já tinha um histórico de agressões e abusos contra a esposa, encomendou o assassinato para evitar que ela revelasse informações que poderiam prejudicá-lo. Antes de morrer, Sara havia confidenciado à mãe que teria algo importante para contar, mas não teve tempo de fazê-lo.
3. Envolvimento e Confissão dos Acusados
O desenrolar do caso revelou a frieza e premeditação dos envolvidos. Além de Ederlan, que teria ordenado o crime, os outros três acusados foram peças-chave na execução e ocultação do corpo. Durante a investigação, os suspeitos admitiram o recebimento dos valores e detalharam seus papéis no assassinato:
- Weslen Pablo (Bispo Zadoque): Recebeu R$ 900 e foi o executor direto da morte, responsável pelas facadas.
- Victor Gabriel Oliveira: Recebeu R$ 500 por segurar Sara enquanto ela era esfaqueada.
- Gideão Duarte: Recebeu R$ 400 por transportar a vítima e participar da ocultação do cadáver.
Um quarto indivíduo, identificado como cantor Davi Oliveira, também foi mencionado pelos envolvidos. Ele teria recebido R$ 200 por ter conhecimento do plano, mas não chegou a participar diretamente da execução.
4. Processo Judicial: Decisão de Júri Popular
Em 19 de fevereiro de 2024, a Vara Criminal de Dias D'Ávila decidiu que os quatro suspeitos irão a júri popular, acusados de feminicídio, ocultação de cadáver e associação criminosa. O julgamento, que ainda não tem data marcada, será um passo crucial para a obtenção de justiça no caso de Sara Freitas.
O advogado Rogério Matos, que representa a família de Sara, informou à imprensa que, apesar de a decisão de levar os acusados a júri popular ser um avanço, o processo ainda cabe recurso, o que pode gerar novos adiamentos. Além disso, o Tribunal de Justiça da Bahia afirmou que alguns detalhes do processo podem tramitar em segredo de justiça, o que limita o acesso da imprensa a informações mais específicas.
5. Repercussão e Clamor por Justiça
O caso de Sara Freitas gerou grande comoção, especialmente na comunidade religiosa e nas redes sociais. A família da cantora pediu publicamente que Sara não seja mais associada ao sobrenome de Ederlan Mariano, em respeito à sua memória. O marido, que inicialmente participou das buscas por Sara e usou a mídia para atrair atenção ao desaparecimento, revelou-se o principal responsável pela tragédia, algo que chocou tanto a família quanto os seguidores da artista.
Com o avanço das investigações, diversas homenagens foram feitas à cantora, lembrando-a por sua voz e impacto na música gospel, e ao mesmo tempo, pedindo justiça pelo feminicídio que interrompeu sua vida de forma tão brutal.
6. Reviravolta no Caso Sara Freitas: Irmãos de suspeito são mortos por traficantes em Camaçari
Em março de 2024, o caso envolvendo o assassinato da cantora gospel Sara Freitas tomou um novo rumo com a morte de dois irmãos de um dos principais suspeitos de envolvimento no crime. Airane Duarte de Lima Reis, de 31 anos, e Edson Duarte de Lima, de 30, foram mortos por traficantes em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, segundo informações da Polícia Civil.
Os irmãos são parentes de Gideão Duarte de Lima, que está preso e será julgado por feminicídio, ocultação de cadáver e associação criminosa no assassinato de Sara Freitas. Gideão, que foi o responsável por transportar Sara até o local do crime, é uma peça chave no processo, e suas conexões com o submundo do crime agora estão sendo investigadas.
Airane Duarte de Lima Reis e Edson Duarte de Lima foram assassinados em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador — Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
Vingança ou ajuste de contas?
De acordo com fontes da Polícia Civil, as execuções podem estar ligadas a atividades de tráfico de drogas na região, mas os investigadores também estão explorando a hipótese de que as mortes sejam uma forma de retaliação ou ajuste de contas pela participação de Gideão no caso da cantora. O clima de tensão se intensifica, levantando questões sobre o envolvimento de outros criminosos na trama que resultou no assassinato de Sara.
A polícia segue investigando a relação entre os crimes e se outras pessoas ligadas aos envolvidos correm riscos. Essa reviravolta aumenta a complexidade do caso, que já contava com diversos elementos de crueldade e premeditação, agora com conexões mais profundas no mundo do crime organizado.
Conclusão: O Caminho para o Júri Popular
O júri popular será o momento decisivo para os envolvidos no assassinato de Sara Freitas. O que começou como um desaparecimento suspeito terminou em uma trama de crueldade e traição, envolvendo aqueles que deveriam proteger e respeitar a vítima.
A luta da família de Sara, representada judicialmente pelo advogado Rogério Matos, continua, com esperanças de que a justiça seja plenamente aplicada e que todos os responsáveis paguem por seus atos. A decisão da Vara Criminal de levar o caso a julgamento por um júri popular reforça a importância e a gravidade desse feminicídio, que, como tantos outros no Brasil, expõe a vulnerabilidade de mulheres que enfrentam abusos e violência dentro de suas próprias casas.
Fontes:
- Tribunal de Justiça da Bahia
- Advogado Rogério Matos
- Delegado Euvaldo Costa
Esses fatos e novas informações serão fundamentais para acompanhar o desfecho desse caso chocante. O que se espera, agora, é que o júri popular faça justiça por Sara Freitas e sirva de exemplo para combater o feminicídio no Brasil.
COMENTÁRIOS