Investigação em Araraquara aponta para ocultação de imagens após a morte de empresári
Protesto e homenagem de familiares e amigos - Foto (Michel Belli) |
O caso do empresário Fábio Luiz Alves Gaspar, conhecido como Fábio Cross, que morreu após ser agredido em uma casa noturna de Araraquara, ganha novos contornos após a divulgação do laudo do Instituto de Criminalística (IC). O relatório de 56 páginas, contendo 35 fotografias, aponta que houve ocultação de provas, além da manipulação deliberada de imagens de segurança que poderiam esclarecer o ocorrido.
Fábio, de 39 anos, foi agredido por seguranças da casa noturna Almanaque Bar & Club na madrugada de 1º de setembro de 2024. A morte ocorreu logo após o empresário ser retirado do local, após uma discussão envolvendo clientes do estabelecimento.
Ocultação deliberada de provas: o que diz o laudo?
O laudo produzido pelo IC aponta que, pouco tempo após a agressão, foi constatada a remoção de um dos discos rígidos (HD) responsáveis por armazenar as imagens das câmeras de segurança da casa noturna. O HD foi formatado quatro vezes antes de ser entregue à polícia. Nas imagens recuperadas, a perícia identificou que três pessoas estavam envolvidas na manipulação do HD e das câmeras, sendo uma delas flagrada limpando superfícies no escritório da boate, numa aparente tentativa de remover impressões digitais.
Em um trecho das gravações, é possível ver duas pessoas chegando ao local de moto, dirigindo-se ao escritório onde um homem manipula o HD, aparentemente removido do gravador de vídeos (DVR). Outro momento flagra uma mulher enrolando cabos e colocando-os em uma sacola, enquanto outra pessoa limpa a área.
A retirada e manipulação das câmeras levantam suspeitas de que provas essenciais tenham sido ocultadas, especialmente porque as gravações entregues inicialmente pela casa noturna não mostram o momento exato em que Fábio foi contido e agredido pelos seguranças.
Desdobramentos: envolvimento da Polícia Civil e mandados de busca
No dia seguinte à morte, o estabelecimento entregou mais de seis horas de gravações à Polícia Civil, mas nenhuma delas capturava o momento crucial em que Fábio foi imobilizado. Foi só em 11 de setembro, após o cumprimento de um segundo mandado de busca e apreensão, que outro HD contendo todas as imagens foi encontrado e apreendido.
Os investigadores acreditam que as câmeras, que se mostravam inicialmente inoperantes nos arquivos entregues, estavam funcionando normalmente antes da remoção do HD. Isso indica que o equipamento foi deliberadamente desconectado para ocultar o que realmente aconteceu naquela noite.
As câmeras de segurança flagraram o momento em que o empresário foi carregado pelos seguranças para fora do estabelecimento (Foto: Reprodução). |
Advogados se manifestam: defesa da família de Fábio e do Almanaque Bar & Club
A advogada Josimara Veiga Ruiz, que representa a família de Fábio Cross, afirmou que o laudo confirma o que já era suspeitado: houve uma tentativa deliberada de ocultar provas essenciais para o esclarecimento da morte do empresário.
Por outro lado, o advogado que representa o Almanaque Bar & Club preferiu não comentar as alegações.
A morte de Fábio Cross: o que se sabe até agora
O empresário Fábio Cross faleceu devido a uma parada respiratória logo após ser contido pelos seguranças do Almanaque Bar & Club. A Polícia Militar foi acionada pelo gerente interino do local, que relatou que Fábio estava alterado, gerando incômodos aos clientes, e que teria arremessado uma garrafa de whisky ao chão. Em resposta, os seguranças imobilizaram Fábio, que começou a passar mal e perdeu a consciência.
Fábio recebeu os primeiros socorros de um bombeiro civil até a chegada do SAMU, que tentou reanimá-lo por 40 minutos. Infelizmente, o empresário chegou sem vida à Santa Casa de Araraquara.
Fábio Cross Gaspar, de 40 anos - Foto (redes sociais) |
Inquérito e a investigação da DIG
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Araraquara assumiu o caso e está tratando-o como uma investigação de homicídio. Embora o laudo do Instituto Médico Legal (IML) tenha apontado uma morte por parada respiratória, o exame necroscópico não foi conclusivo quanto às causas exatas. Para determinar com clareza o que aconteceu, a DIG ainda aguarda os resultados de exames toxicológicos e anatomopatológicos, que poderão indicar a presença de drogas no organismo de Fábio ou possíveis condições de saúde preexistentes.
Homenagens em frente ao estabelecimento - Foto (Michel Belli) |
Homenagem à Fábio Cross: Família e amigos clamam por justiça
Na noite de 07 de setembro, familiares e amigos de Fábio Luís Alves Gaspar, conhecido como Fábio Cross, se reuniram em frente à boate onde ele faleceu, para prestar uma homenagem em sua memória e exigir justiça. Velas, flores e palavras como “Covardes” e “Justiça” foram dispostos em frente ao local, expressando a indignação e dor pela perda de Fábio, que morreu após ser agredido por seguranças da casa noturna. A homenagem reforça o apelo dos envolvidos por respostas das autoridades e punição dos responsáveis
Impacto do caso e as próximas etapas
O caso de Fábio Cross gerou grande comoção na cidade de Araraquara e acendeu discussões sobre segurança em estabelecimentos noturnos e a transparência nas investigações criminais. A ocultação deliberada de provas, comprovada pelo laudo pericial, trouxe à tona questões sobre o papel das boates e seus funcionários na proteção dos frequentadores.
Com o processo judicial em andamento, a expectativa é que novas provas sejam apresentadas e os culpados pela ocultação de evidências e pela morte de Fábio sejam devidamente responsabilizados. A DIG segue investigando o caso, ouvindo testemunhas e analisando as imagens recuperadas.
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