José Carlos Magdalena se despede da Rádio Morada do Sol após quatro décadas de dedicação
A estreia do programa conhecido hoje como "Jornal Falado da Cidade" ocorreu às 6h40 da manhã do dia 3 de maio de 1982, quando o jornalista José Carlos Magdalena entrou no estúdio para comandar a primeira edição do que se tornaria um marco na comunicação de Araraquara e região. Na época, Magdalena havia acabado de completar 32 anos. Hoje, com 74 anos, ele ainda é uma das figuras mais influentes no jornalismo regional, à frente de um programa que conquistou respeito e credibilidade ao longo de mais de quatro décadas.
Uma época de transição
Quando se fala em jornalismo experimental, isso se refere ao contexto político-social que o Brasil vivia naquela época. O país estava em pleno processo de transição da Ditadura Militar para a Abertura Democrática. Esse contexto político tornou o "Jornal Falado da Cidade" pioneiro em desafiar as convenções e explorar temas que outros veículos evitavam.
Ao longo dos anos, o programa travou inúmeras batalhas, que poderiam facilmente preencher muitas páginas de sua história. Foram mais de 80 processos judiciais enfrentados por Magdalena e sua equipe, com 90% deles movidos com o objetivo de barrar os temas tratados no programa. Mesmo com toda a pressão, o jornalista manteve o foco na busca pela verdade e pela prestação de serviço público.
José Carlos Magdalena, em máquina de escrever - Foto (redes sociais) |
" No tempo em que jornalismo se fazia com metralhadora," disse José Carlos Magdalena em uma de suas postagens nas redes sociais
A consolidação do jornalismo local
O "Jornal Falado da Cidade" consolidou-se como um dos programas mais importantes de Araraquara, sendo transmitido pela tradicional Rádio Morada do Sol AM/FM, que serviu de palco para inúmeras denúncias, reportagens investigativas e debates sobre os principais acontecimentos da cidade e região. Ao longo das décadas, o programa se tornou uma fonte de informação confiável para os moradores locais, sempre priorizando a participação do público.
Magdalena desenvolveu uma conexão especial com seus ouvintes, que muitas vezes utilizavam o programa como plataforma para expressar suas preocupações, denunciar irregularidades ou simplesmente participar das discussões que interessavam à comunidade.
Uma história de resistência e inovação
Durante os anos 1980 e 1990, o programa expandiu seu alcance e influência, atravessando mudanças tecnológicas e culturais, sem perder sua essência. Em 1985, por exemplo, o programa introduziu seções interativas, permitindo que os ouvintes participassem mais ativamente através de ligações ao vivo. Com o passar do tempo, a evolução tecnológica também trouxe novos desafios, mas o "Jornal Falado da Cidade" se manteve relevante, acompanhando as transformações do rádio e do jornalismo.
Magdalena enfrentou duros desafios durante a consolidação do programa, mas sempre foi resiliente diante das tentativas de silenciamento e censura. Além do rádio, a sua equipe de jornalismo se expandiu, produzindo conteúdo para outras plataformas e consolidando um jornalismo multiplataforma, que em certos momentos envolveu edições impressas e um site de notícias.
José Carlos Magdalena no comando do Jornal falado da cidade - Foto (redes sociais) |
O legado
José Carlos Magdalena, com seus 74 anos de vida, continua uma referência no jornalismo araraquarense. O "Jornal Falado da Cidade" tornou-se mais do que apenas um programa de rádio: é um símbolo de resistência, comprometimento com a verdade e serviço público.
Mesmo diante dos desafios impostos pela modernidade, a era digital e a transformação da mídia, Magdalena nunca abandonou seus princípios. Ele continua sendo um dos jornalistas mais respeitados e queridos da região, sempre à frente de seu programa com a mesma energia e dedicação de quando começou há mais de 40 anos.
Hoje, com o cenário jornalístico cada vez mais dinâmico, José Carlos Magdalena segue inspirando novas gerações de profissionais, que encontram em sua trajetória um exemplo de ética, coragem e compromisso com a informação de qualidade. Seu legado é uma marca indelével no rádio e no jornalismo de Araraquara e região.
A emissora passou por reestruturações, e atualmente apenas o jornalista Chico Lourenço continuou no grupo, mantendo a tradição de informar a comunidade.
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