Entre Altas de Preços e Desafios Globais: A Complexa Realidade da Páscoa 2024
À medida que a Páscoa se aproxima, os consumidores brasileiros estão sentindo no bolso o impacto do aumento dos preços dos ovos de chocolate. Uma pesquisa realizada pela Horus, empresa especializada em inteligência de mercado, entre janeiro e fevereiro deste ano, revelou um aumento médio de 11% no preço das barras de chocolate, 10,5% nos chocolates e bombons, e 1,8% nos ovos de Páscoa em comparação com o mesmo período do ano passado.
Cenário de Preços em Alta
Apesar do menor aumento percentual nos ovos de Páscoa em relação a outros produtos de chocolate, Anna Carolina Veiga Fercher, chefe do departamento de Sucesso do Cliente e Insights da Horus, alerta para a possibilidade de continuação da alta nos preços. Ela também ressalta que o custo por grama do chocolate nos ovos de Páscoa é historicamente mais elevado do que em outros produtos chocolateiros disponíveis ao longo do ano. A expectativa é que os preços possam reduzir apenas na semana anterior ao feriado, quando o varejo tenta liquidar os estoques dos produtos sazonais.
Em determinados casos, dependendo do peso e da marca do ovo de Páscoa, o aumento de preço chegou a 26% nos primeiros dois meses de 2024. A pesquisa da Horus baseou-se na análise de aproximadamente 500 milhões de notas fiscais para apurar os preços finais ao consumidor.
Custos de Produção em Elevação
A razão para a escalada dos preços em 2024 supera o aumento observado em 2023, quando a alta média registrada foi de apenas 0,4%. Segundo Fercher, essa variação deve-se principalmente ao aumento nos custos de produção, influenciado pela alta nas cotações do cacau, do açúcar e do leite.
Preços em Ascensão: O Impacto no Custo dos Ovos de Páscoa em 2024 - Foto (Michel Belli/dC) |
Aposta na Produção de Chocolates para Páscoa
Estimativas do mercado indicam uma produção de mais de 12,5 mil toneladas de ovos e itens de Páscoa este ano, um aumento de 15% em relação às 10,8 mil toneladas produzidas em 2023. Jaime Recena, Presidente Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoins e Balas (Abicab), destaca que o setor está otimista, baseando-se em um cenário econômico favorável, com inflação controlada e crescimento do PIB.
Desafios na Produção de Cacau
Um dos fatores críticos por trás do aumento dos preços é a situação das lavouras de cacau na Costa do Marfim e em Gana, que juntas representam 60% da produção mundial. Uma prolongada seca na região, agravada pelo fenômeno El Niño, reduziu a qualidade e a produtividade do cacau, elevando os preços da commodity no mercado internacional.
Perspectivas para o Mercado de Cacau
Anna Paula Losi, presidente da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau do Brasil (AIPC), destaca que os impactos do novo cenário global de produção de cacau começarão a ser mais claros a partir do segundo trimestre deste ano. Com a oferta ajustada frente a uma demanda firme, o mercado internacional de cacau enfrenta o risco de um terceiro déficit consecutivo na produção para o ciclo 2023/24, com preços alcançando recordes históricos.
Embora o Brasil figure como o sétimo maior produtor mundial de cacau, a demanda interna da indústria ainda requer a importação da amêndoa, destacando a dependência do mercado externo. Em 2023, o Brasil importou 19 mil toneladas de cacau, correspondendo a 7% do volume processado pelas indústrias associadas à AIPC.
À medida que a Páscoa se aproxima, os brasileiros enfrentam um cenário de preços elevados para os tradicionais ovos de chocolate, reflexo de uma série de fatores que vão desde o aumento dos custos de produção até as adversidades climáticas que afetam as principais regiões produtoras de cacau no mundo.
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