Lupo: Uma Trama de Resiliência e Inovação na Rota do Sucesso Brasileiro
A direita Henrique Lupo e a esposa Judith Bonini Lupo, a esquerda a sede da Meias Lupo em 1921 - Foto *DIVULGAÇÃO |
Hoje, mergulharemos nas raízes de uma marca brasileira centenária que, ao longo dos anos, superou desafios significativos para se tornar líder no mercado nacional de meias, cuecas e lingeries. Antes de nos aprofundarmos nessa história fascinante, convido vocês a se juntarem a nós neste especial sobre a Semana da Imigração Italiana.
No ano que precedeu a publicação oficial da Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil, um imigrante italiano chamado Henrique Lupo chegou ao país em 12 de maio de 1888, desembarcando no Porto de Santos com sua família. Dirigindo-se para o interior paulista, aportaram em Araraquara, onde o pai de Henrique, relojoeiro e ourives na Itália, retomou suas atividades. Ele logo envolveu seu filho de apenas 11 anos, Henrique, no trabalho, marcando o início de uma jornada empreendedora.
Lei Áurea - Foto reprodução *Gazeta de Notícias, 14 de maio de 1888 |
Foi somente em 21 de março de 1921, aos 44 anos, que o imigrante Henrique Lupo fundou a empresa de meias Araraquara. Com nove filhos à época, a décima nasceria após a fundação da empresa. No início, a fábrica contava com apenas duas máquinas, operadas pela própria família na sala de sua casa. A produção das meias, feitas inteiramente de algodão, enfrentou dificuldades iniciais nas vendas, sendo consignadas a alguns comerciantes.
A sede da Meias Lupo em 1921 - Foto (Divulgação) |
Em 1937, a empresa adotou o nome de Meias Lupo, tornando-se, mais tarde, a maior fabricante de meias masculinas no Brasil, todas produzidas com 100% de algodão e qualidade superior. Nesse mesmo ano, a Lupo recebeu as primeiras amostras de nylon, uma inovação que revolucionaria o setor de meias mundialmente nos anos seguintes.
Meias Lupo - Foto (reprodução youtube) |
A década de 60 marcou um desafio, pois a Lupo começou a produzir meias femininas, investindo em maquinário especializado. A empresa se destacou não apenas economicamente, mas também politicamente, com Rômulo Lupo, filho do fundador, tornando-se vereador e prefeito de Araraquara nas décadas de 50 e 60.
Nos anos 70, a Lupo enfrentou um salto produtivo devido à demanda crescente no mercado de meias, inclusive fornecendo para o exército brasileiro. Na década de 80, inaugurou uma nova fábrica às margens da rodovia Washington Luiz, expandindo sua produção e introduzindo novas linhas de produtos.
Em 1987, a Lupo alterou sua razão social para Lupo S.A., iniciando a produção autônoma de meias femininas. Na década de 80, lançou a bem-sucedida marca Lobo e, nos anos 90, diversificou sua produção com o lançamento da moderna coleção de cuecas.
Apesar da liderança no mercado de meias, a Lupo enfrentou desafios na década de 90, mas uma nova presidência assumiu em 1993, com Liliana Alfiero, neta do fundador, implementando medidas para superar a crise. A expansão continuou com a inauguração da primeira loja em São Paulo em 1994 e a abertura do Shopping Lupo em Araraquara em 2002.
Em 2010, a Lupo entrou no mercado de materiais esportivos, lançando a coleção Lupo Esporte, e participou ativamente das redes sociais, atingindo milhões de seguidores. Durante a pandemia de 2020, inovou novamente, lançando máscaras de proteção.
Atualmente, a Lupo exporta seus produtos para diversos países, emprega mais de 20 mil funcionários e mantém sua posição de destaque no mercado, sendo reconhecida como marca de alto renome. A marca Lupo é uma verdadeira história de sucesso que se entrelaça com a trajetória de Araraquara, contribuindo não apenas para a economia, mas também para a identidade e cultura da cidade.
Esperamos que tenham apreciado esta jornada pela história da Lupo durante a Semana da Imigração Italiana. Fiquem ligados para mais histórias incríveis de marcas e empreendedores brasileiros em futuras edições do Jornal O Diário da Cidade.
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