Túmulo das '13 Almas' Ainda Atrai Devotos 50 Anos Após Incêndio
Incêndio no Edifício Joelma - Foto: edição/Eivind Molberg/Folhapress 1974 |
01 de fevereiro de 2024
Há exatos 50 anos, no coração de São Paulo, o Edifício Joelma tornava-se palco de uma das maiores tragédias da história brasileira. O incêndio que eclodiu no imponente prédio do Vale do Anhangabaú, no Centro da cidade, deixou um saldo devastador: 187 mortos e mais de 300 feridos.
A tragédia teve início no dia 1º de fevereiro de 1974, quando um curto-circuito no ar-condicionado do escritório de um banco, localizado no 12º andar, deu origem às chamas que se propagaram rapidamente por cortinas e carpetes. A falta de proteção na fachada contribuiu para a rápida disseminação do fogo.
Na época, o Edifício Joelma, com seus 25 andares, figurava entre os mais altos da cidade, enquanto São Paulo abrigava uma população de 5 milhões de habitantes. O incêndio, que durou mais de três horas, destruiu 14 pavimentos, resultando na explosão de botijões de gás nas copas das empresas e na queda de blocos de paredes.
Os helicópteros de resgate enfrentaram dificuldades para pousar no topo do edifício, cuja cobertura não possuía escadas de incêndio ou heliponto. O terraço, para onde muitos fugiram, tornou-se uma armadilha fatal para mais de 60 pessoas que morreram carbonizadas, caíram ou se atiraram do prédio.
A tragédia do Edifício Joelma foi amplamente documentada à época pelo "Jornal Nacional", que mostrou imagens impactantes do incêndio e dos esforços dos bombeiros, incluindo a chocante queda de um homem do último andar.
Após a catástrofe, o prédio passou por reformas, e medidas de segurança foram intensificadas. O incidente serviu de alerta para a falta de estrutura em edifícios, resultando na implementação da primeira legislação de segurança da cidade, focada na prevenção e combate a incêndios.
A Justiça de São Paulo, um ano após o ocorrido, considerou o incêndio como criminoso devido às instalações elétricas precárias, condenando o engenheiro, o gerente de uma empresa de ar-condicionado e três eletricistas por imperícia, negligência e omissão.
Cinquenta anos após a tragédia, a Câmara Municipal de São Paulo presta homenagem aos heróis que enfrentaram as chamas. O Prêmio Coronel Hélio Barbosa Caldas será entregue a 11 bombeiros que, atualmente, têm entre 70 e 90 anos, reconhecendo sua coragem e dedicação no combate ao incêndio que marcou a memória da cidade.
Homenageados:
- Lisias Campos Vieira, 72 anos;
- Eduardo Boanerges Soares Barbosa, 77 anos;
- Augusto Carlos Cassaniga, 83 anos;
- Rufino Rodrigues de Oliveira, 92 anos;
- Luiz Alves Grangeiro, 78 anos;
- Francisco Assis dos Santos, 77 anos;
- Pedro Ortiz Caceres, 74 anos;
- Roberto Silva, 81 anos;
- João Simão de Souza, 73 anos;
- Franclin de Jesus Ferreira, 75 anos;
- Celio Moterani, 76 anos.
Este é um momento de reflexão sobre a importância da segurança e prevenção, lembrando a tragédia que, infelizmente, permanece viva na memória da cidade de São Paulo.
Edifício Joelma: Túmulo das '13 Almas' Atrai Devotos 50 Anos Após Incêndio
Meio século após o incêndio que marcou o Edifício Joelma, a tragédia continua a reverberar não apenas na memória da cidade, mas também em um local peculiar que se tornou foco de peregrinação e lendas: o túmulo das '13 Almas'. Este é o lugar onde repousam os corpos carbonizados de 13 indivíduos que, desesperados, tentaram escapar pelo elevador, mas não conseguiram sobreviver. Suas identidades permanecem desconhecidas, e eles foram sepultados no Cemitério São Pedro, na capital paulista.
Sepulturas dos corpos não identificados - Foto: Junius - Obra do próprio 13 de dezembro de 2014 |
Ao longo dos anos, o túmulo das Treze Almas transformou-se em um local permeado por histórias de gemidos e atividades paranormais. Relatos de pessoas que alegam ouvir lamentos das almas dos falecidos tornaram-se parte da tradição local. A resposta popular a essas experiências sobrenaturais foi jogar água, e por vezes leite, nos túmulos, na crença de que isso aliviaria as dores e o calor do incêndio que esses espíritos pareciam ainda sentir.
O que começou como uma tentativa de acalmar almas inquietas transformou-se em uma devoção arraigada. Os relatos sobre as '13 Almas' espalharam-se, e o local tornou-se um ponto de encontro para preces e promessas. Devotos buscam a intercessão dessas almas para alcançar graças e, como retribuição, copos, garrafas e até baldes de água são jogados e deixados sobre os túmulos.
A atmosfera ao redor do túmulo tornou-se carregada de fé, e muitos acreditam que as '13 Almas' têm o poder de interceder em suas vidas. O local transcendeu a tragédia original, transformando-se em um símbolo de devoção e esperança para aqueles que buscam conforto espiritual.
Cinquenta anos após a tragédia do Edifício Joelma, o túmulo das '13 Almas' permanece como um testemunho vivo da resiliência da comunidade diante da adversidade e da maneira como a fé pode emergir mesmo nos momentos mais sombrios da história.
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