As tensões surgiram quando o governo Milei implementou bloqueios para impedir a chegada dos manifestantes ao Congresso Nacional.
Buenos Aires - 24 de Janeiro de 2024
A cidade de Buenos Aires e diversas outras regiões da Argentina testemunharam hoje a primeira paralisação geral sob o governo de Javier Milei, um dia que ficará marcado por protestos intensos e tentativas de repressão policial. A Confederação Geral do Trabalho (CGT), maior central sindical do país, liderou o movimento, acompanhada pela Confederação de Trabalhadores Argentinos (CTA) e setores do peronismo, em uma marcha com o lema "o país não está à venda".
A manifestação, iniciada com uma caminhada em direção ao prédio do Congresso em Buenos Aires, busca protestar contra o chamado "decretaço" e a controversa lei omnibus, projetos que reestruturam a economia e as leis trabalhistas, concedendo "superpoderes" a Milei e prevendo a privatização de empresas estatais. Ambas as propostas requerem aprovação do Congresso, sendo o "decretaço" já em vigor como uma Medida Provisória.
As tensões surgiram quando o governo Milei implementou bloqueios para impedir a chegada dos manifestantes ao Congresso Nacional. Líderes sindicais, como Héctor Daer da CGT, criticaram a proibição, alegando violação do direito de reunião. Enquanto isso, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, afirmou que a manifestação causaria prejuízo financeiro a muitos argentinos.
O uso do "protocolo antipiquetes", estabelecido pela ministra da Segurança Patricia Bullrich em dezembro, busca controlar bloqueios de vias, permitindo apenas que manifestantes fiquem nas calçadas. No entanto, em dezembro, a medida não impediu confrontos entre polícia e manifestantes.
A ministra Patricia Bullrich, em uma crítica via rede social, afirmou que o país não para, acusando que são "as máfias que param". A presença do governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, no protesto como manifestante, foi alvo de críticas por Bullrich, que alegou que ele deveria fazer cumprir a lei, não violá-la.
Setores diversos da sociedade aderiram à paralisação, incluindo trabalhadores do transporte aéreo, caminhoneiros e até mesmo o governador Kicillof. Os cancelamentos de voos, em especial 33 da Gol e Latam, afetaram turistas brasileiros e argentinos. O transporte público, embora afetado, continuará operando até as 19h.
Apesar da paralisação, comércios e bancos funcionam normalmente na capital argentina, e o governo anunciou descontos para funcionários públicos que participarem da manifestação. A população se divide sobre o impacto e a legitimidade do protesto, enquanto Milei cede em alguns pontos para aprovar a lei omnibus.
Neste contexto, a Argentina, já mergulhada em uma das piores crises econômicas de sua história recente, enfrenta um dia de manifestações intensas e debates acalorados sobre os rumos do país sob o governo de Milei. O resultado desses eventos certamente terá repercussões significativas na trajetória política e econômica da nação.
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