Exército israelense deu 24 horas para que os palestinos se desloquem para o sul da região
A brasileira Shahed al-Banna, 18, gravou nesta sexta-feira (13) vídeos em que chora e relata seu desespero diante do ultimato dado por Israel àqueles que se encontram ao norte da Faixa de Gaza.
O Exército israelense deu 24 horas para que os palestinos se desloquem para o sul da região, sugerindo uma invasão. O prazo que se esgotará dentro de algumas horas.
"Recebi uma notícia muito ruim. A escola não é mais um lugar seguro, não é um lugar seguro. Não podemos ficar mais aqui", relata al-Banna, emocionada, em vídeo enviado à coluna. "Essa escola é uma igreja também. A irmã da igreja reuniu com a gente e disse pra gente que a gente não pode ficar mais aqui."
A jovem brasileiro-palestina diz que aguarda uma reunião com um líder da escola católica sobre a permanência do grupo de brasileiros que se refugia no local. "Não é mais seguro aqui. Tem mais de 28 pessoas aqui, estão todos desesperados", afirma.
"Eu não sei o que fazer. Eu estou com desespero", segue.
"Os israelenses mandaram todo o povo da Faixa de Gaza sair das suas casas e ir para o sul. A gente achava que a escola era um lugar seguro para nós, mas agora não é um lugar seguro. Eles vão entrar no país e vão acabar com todo mundo. Os prédios, as árvores, crianças, pessoas, bichos, tudo vai ser morto", diz ainda.
Mais cedo, o grupo de brasileiros abrigado na escola em Gaza havia decidido que permaneceria no local.
A avaliação era de que a escola seria o lugar mais seguro ao alcance deles. Se optarem por migrar para o sul de Gaza, onde não há estruturas de acolhimento, o grupo poderá ficar no meio do deserto, sem comida nem água.
O governo Lula já pediu a Israel que poupe o abrigo de eventuais bombardeios.
Ao menos 22 brasileiros aguardam uma oportunidade para deixarem Gaza. Deles, dez são crianças, sete são mulheres e cinco são homens. Nem todos, contudo, estão abrigados na escola: 12 brasileiros estão na cidade de Khan Younes, ao sul da Faixa de Gaza.
A diplomacia brasileira segue em negociações para viabilizar a abertura de uma fronteira com o Egito, mas a chegada a um acordo com o país egípcio é considerada uma costura delicada.
O Egito reluta em abrir a fronteira com Gaza, temendo, com isso, receber milhares de refugiados palestinos no país. Israel, por outro lado, bombardeou a região de Rafah, criando uma situação de extrema insegurança e dificultando ainda mais as negociações do Brasil com o Egito.
Na quinta-feira (12), o ex-chanceler Celso Amorim, assessor-chefe para assuntos internacionais do presidente Lula (PT), entrou nas negociações e dialogou com a assessora de segurança nacional do país árabe, Faisa Aboul Naga, para tentar acertar a retirada dos brasileiros pela fronteira de Gaza com Rafah.
Faisa Aboul Naga é assessora direta do presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi. Na conversa, ela afirmou que daria máxima atenção ao tema e que levaria, imediatamente, a demanda do governo brasileiro ao mandatário egípcio.
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