O feriado de 7 de Setembro, primeiro sob o atual governo Lula (PT).
O feriado de 7 de Setembro, primeiro sob o atual governo Lula (PT), foi marcado por desfiles cívico-militares nas principais capitais e em várias cidades pelo país. Houve atos contra e a favor do governo, mas com público menor do que em anos anteriores e menos tensão política, como ocorreu durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Lula no desfile em Brasília
- O presidente desfilou na capital federal para um público estimado de 50 mil pessoas, segundo a Polícia Militar do DF. A cerimônia foi menos concorrida que em anos anteriores, quando apoiadores do ex-presidente Bolsonaro mobilizavam suas bases para o evento.
- Os chefes das três Forças Armadas estiveram ao lado de Lula no evento. O petista posou para fotos com os comandantes do Exército, Tomás Ribeiro Paiva; da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno.
- Nomes do primeiro escalão do governo não apareceram. Vários ministros de Lula, como Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e Fernando Haddad (Fazenda), estiveram ausentes.
- A presidente do STF, ministra Rosa Weber, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também compareceram. Já o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não participou.
- Lula desfilou no Rolls-Royce ao lado da primeira-dama, Janja da Silva. Eles acenaram para apoiadores nas arquibancadas, que fizeram o "L" e aplaudiram o petista. O evento marcou a reconciliação dos lulistas com as cores verde e amarela, símbolos de atos bolsonaristas em tempos recentes.
- Desfile enxuto sem policiais. Não estiveram presentes a Polícia Militar do Distrito Federal, a Polícia Civil local, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional. O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta, disse ao UOL que "não havia necessidade" para isso. "Um desfile mais curto, mais dinâmico e mais moderno, com um conceito."
- Zé Gotinha ganhou destaque. Uma das atrações do desfile em Brasília foi o símbolo das campanhas de vacinação do Ministério da Saúde, situação que não ocorria no governo Bolsonaro.
- Nas redes, políticos e influenciadores bolsonaristas chamaram o desfile em Brasília de esvaziado. Nos dias anteriores ao feriado, eles vinham convocando um "fique em casa" entre os eleitores, para sinalizar falta de apoio ao Executivo.
Acompanhado de Janja, Lula observa apresentação aérea em Brasília | Imagem: ADRIANO MACHADO/REUTERS |
Tarcísio em tanque e saudação a 1964
- O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desfilou em um tanque do Exército na capital paulista. Em evento no Anhembi, zona norte, ele repetiu o gesto do ex-governador do Rio Wilson Witzel e do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que também já desfilaram em veículos militares
- O locutor oficial do evento em São Paulo chamou de "revolução" o golpe militar de 1964. Durante a passagem de uma unidade da Polícia Militar, o narrador falou em "revolução" ao elencar eventos históricos que tiveram a participação do grupo.
- O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também foi ao desfile. No local, ele afirmou que não tem proximidade com Bolsonaro, mas que deseja o apoio dele para disputar a reeleição em 2024 e "vencer a extrema-esquerda", em referência ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).
O governador Tarcísio e o prefeito Nunes no desfile de Sete de Setembro em SP | Imagem: Stella Borges/UOL |
Atos esvaziados contra e a favor do governo
- A maioria dos desfiles pelo país não teve tom político ou manifestações a favor de Bolsonaro. Em geral, as cerimônias se resumiram a apresentações tradicionais das forças de segurança, de grupos escolares e de outras entidades locais em comemoração à independência.
- Na Avenida Paulista houve atos com público reduzido contra e a favor do governo. No Grito dos Excluídos, mobilizado por movimentos sociais de esquerda, houve pedidos de "Bolsonaro na cadeia". Já os bolsonaristas levaram dois carros de som para pedir "Fora, Lula".
- Bolsonaristas criticaram os militares nas redes sociais. Em uma publicação do Exército no Facebook para comemorar o dia da independência, apoiadores do ex-presidente fizeram comentários chamando os militares de "melancia", alusão a uma suposta lealdade disfarçada à esquerda.
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