A pergunta que lamentavelmente ainda é feita, mesmo que o país já saiba a resposta
Lula não intoxicou a política. Jair Bolsonaro, sim.
Basta lembrar que, quando assumiu o Executivo em 2003, o ex-presidente tratou com algum respeito quem estava do outro lado do espectro político – a direita – considerando os mais básicos sentimentos do ser humano e valores universais.
Sim, foi o petista que inventou o “nós e eles”, mas hoje, com o atual governo de extrema-direita no poder, é possível avaliar que, até nesse momento, algum limite existia. Era o tempo da polarização PT-PSDB e, apesar de certos exageros, havia uma palavra esquecida atualmente: civilidade.
Lula, por exemplo, tratou os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica com cortesia – até demais, se me perguntarem – porque errou ao não incentivar a punição de oficiais por conta dos bárbaros crimes cometidos pela ditadura (1964-1985).
O petista não buscou, por exemplo, que houvesse uma Justiça de Transição no país, falha grave também cometida por Fernando Henrique Cardoso. Até a Comissão Nacional da Verdade, um passo tímido nesse sentido, foi instaurada no governo Dilma, e não na gestão Lula.
Bolsonaro, por outro lado, exaltou a tortura, chamou torturadores e assassinos do regime ditatorial para ir ao Palácio do Planalto, fez chacota e desdenhou das violações dos direitos humanos cometidos pelos militares. Esses mesmos agentes que aviltaram a democracia por 21 anos e viraram lambe botas do capitão.
Não, não é preciso ir muito longe para saber quem intoxicou a política brasileira. Nem ficar lembrando todas as barbaridades desse governo, que teve até um ministro da Cultura copiando uma citação de Joseph Goebbels, chefe de propaganda da Alemanha nazista. Estamos falando de Hitler e de crimes contra a humanidade.
Quem intoxicou a política brasileira foi Jair Bolsonaro que quer, o tempo todo, rachar o país, atacando as instituições democráticas – primeiro, o Congresso, depois, o Supremo – e misturando política e religião, palanque com púlpito. O PT – Lula e Dilma – errou ao ajudar os regimes cubanos e chavistas, mas não fragilizaram a democracia brasileira como Jair Bolsonaro. Ele – o atual presidente – é o ser tóxico.
Se pudesse e tivesse forças políticas, Bolsonaro transformaria o país num campo de guerra – até porque minados já estamos – após o fracasso do “Estado bolsonarista” em governar durante a pior pandemia do último século, de costas para os crimes na Amazônia e sem respeito algum por políticas de Estado.
O país precisa de um antídoto ao veneno. É sempre bom lembrar porque estamos perto do marco de 90 dias antes das eleições. Isso – o tempo – fará toda a diferença em relação ao que acontecerá em outubro.
A oposição obteve 31 assinaturas para ingressar com um pedido de abertura da CPI do MEC no Senado Federal e o governo tem de rebolar para impedir que ela seja instalada. A investigação em torno da atuação dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos no empenho de verbas do Ministério da Educação, na época em que a pasta era comandada por Milton Ribeiro, tem potencial de dinamitar de vez a campanha do presidente à reeleição.
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